quarta-feira, 12 de março de 2008

Ser só!*

O filme A Odisséia retrata o fantástico mito grego de Ulisses que precisa partir, deixando sua amada esposa e seu recém nascido filho, para conquistar Tróia. Após vários anos de luta, ele por meio de um cavalo de madeira repleto de soldados, consegue passar pelos portões troianos e surpreender seus rivais. Com isso ele se acha um mortal invencível e que não depende dos deuses. Poseidon, deus do mar, por sua vez, o castiga por tal prepotência. Sua sina será não conseguir atravessar o mar para reencontrar sua família.
A relevância de tal mito parece ser muito grande diante das buscas do homem da atualidade. O jovem rei, dado sua perspicácia diante da conquista de Tróia, não se sente necessitado de qualquer outra força que não seja a sua própria. Ele se basta! Tal atitude se remete a uma forma de pensar que conduz o indivíduo a uma ambição desenfreada, na qual o outro deixa de ser parceiro para ser concorrente. Na verdade, um indivíduo usa o outro apenas para poder dizer que é melhor do que ele.
Para o filósofo Teilhard de Chardin, o Universo é o lugar onde todos se encontram para formar uma grande comunidade e assim, juntos, caminham para o ápice da evolução, o ponto Omega. A partir do momento que o ser humano passa a considerar auto-suficiente para viver de seu próprio poder, se depara com a tristeza de ver-se isolado, assim como Ulisses, de toda a face unitiva da terra.
Poseidon não age com maldade em relação a Ulisses. Ele apenas lhe quer mostrar o quanto o poder pode se esbarrar em limitações cotidianas. Portanto, hoje o que parece é que tais provações podem ser boas para o ser humano da atualidade. Cabe agora encontrar “os Poseidons” de nosso tempo, para que assim se busque uma vida menos egocêntrica e mais comunitária.
*Comentário sobre o filme A Odisseia

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