sexta-feira, 14 de março de 2008

Vida e morte*

A história da filosofia sempre se preocupou severamente com elementos da condição humana. Dentre seus campos de reflexão, um dos mais incisivos é o da ética. O filme Filhos da esperança simula uma situação para o ano de 2025, na qual todas as mulheres são inférteis, ou seja, já não nasce mais nenhuma criança. A esperança ressurge quando se descobre que uma mulher, chamada Kee, ficou grávida e dará a luz, trazendo assim a esperança. Na mesma história, por sua vez, aparece uma mulher numa condição de saúde de total invalidez. No presente texto, a partir da mãe que dá a luz e de Jasper que cuida de sua esposa, buscar-se-á, muito brevemente, fazer uma análise de como a vida pode ser pensada a partir de princípios éticos.
A emoção de ter um filho é, para Kee, ainda maior pois ela carrega em seu ventre um único sinal real de esperança. Para ter essa criança, a personagem tem de passar por diversas dificuldades, porém, nem isso a desanima. Na atualidade uma das grandes discussões éticas está em torno do aborto. Em tal reflexão, parece pertinente, pensar em que consiste o poder de uma mulher que tira a chance de viver de um ser humano indefeso.
Jasper, por sua vez, é um senhor com o espírito jovem e que cuida de sua esposa com muito carinho e atenção. Ela, conforme mostra o filme, não fala, não anda, não se move, ou seja, é totalmente dependente de seu marido. Em relação à eutanásia verifia-se que numa cultura, na qual somos o que fazemos, torna-se difícil compreender por que se deve cuidar de alguém que já não produz.
Portanto, essas duas complexas e polemicas situações, apesar de se tratarem de contextos diferentes, se remetem a uma mesma realidade: o que é a vida e porque viver. Tal problema, que perpassa a saúde pública, já tem deixado claro sua preocupação desde a Antigüidade. O professor Daniel Omar Perez na introdução da obra Filósofos e terapeutas em torno da questão da cura, apresenta o juramento que os médicos costumavam e costumam fazer para exercer seu trabalho. Nesse longo discurso um dos pontos é que o medico se compromete a não dar a nem uma mulher qualquer substância abortiva e tampouco, não entregará ninguém a morte, mesmo que esse esteja com graves problemas de saúde. Eis a atitude ética que conduziu tanto os médicos do passado, quanto Kee e Jasper do filme, ao aptarem pela vida.

*Comentário sobre o filme Filhos da Esperança

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